Por enquanto, separados

“O Reino da vida, além da morte não é domicilio do milagre.

 “Passa o corpo, em transito para a natureza inferior que lhe atrai os componentes, entretanto, a alma continua na posição evolutiva em que se encontra.”

 (Livro: Roteiro-Emmanuel-Francisco Cândido Xavier)

  Quantos momentos já testemunhamos de estrema tristeza ao vivenciarmos a morte de alguém que amamos, momentos de grandes angustias, muitas vezes por não entender os mistérios que a morte trazia consigo, mas ela chegava fria, inclemente e invadia nossos lares, nossas vidas, trazendo desamparo, insegurança, medo e muitas aflições em torno de uma separação que muitas vezes não era esperada, como tudo parecia ser mais difícil, ao vermos a partida daqueles que amávamos.

 Mas hoje, cumprindo assim sua promessa de quando ainda estava nos abençoando com sua presença física entre nós, o Mestre nos envia seu Consolador, nos dizendo que a morte, a morte não existe, nos dizendo que nossos amores vivem e não morrem jamais, Jesus nos envia sua Doutrina de Luz, nos esclarecendo que a morte nada mais é do que a nossa viagem de volta para nosso lar, o lar de onde viemos um dia, para permanecermos, durante algum tempo aqui, na “Escola Divina” que ele mesmo, sob as bênçãos de Deus, arquitetou, para que pudéssemos crescer, aprendendo, mesmo que com muitas dores, no caminho á perfeição, como devemos amar uns aos outros como Jesus nos ama.
Mas a Doutrina Espírita também vem nos esclarecer de que cada um de nós é uma individualidade espiritual, que cada um necessita galgar com seu próprio esforço, os degraus do aperfeiçoamento, todos nós temos grandes conquistas pelas quais temos que lutar, e com isso damos oportunidades mutuas, no campo da afetividade, para o amparo, para o exercício de tudo que é edificante, mas não podemos nunca deixar com que o egoísmo, que nos cega mediante as grandezas do universo, mascare e produza obstáculos que possam impedir a marcha espiritual daqueles que amamos.
A cada um, sua responsabilidade espiritual.
Se amarmos de verdade, desejaremos sempre o melhor para aquele que amamos, mas quantas vezes o que é realmente melhor ao nosso ponto de vista, não o será para os nossos irmãos de caminhada?
A permanência na jornada na carne é uma particularidade de cada espírito, por isso quando o momento de voltar ao lar chegar para aqueles os quais amamos, que possamos abrir nossos corações para os esclarecimentos do Cristo, através de sua Doutrina confortadora e esclarecedora, buscando a paz interior, o equilíbrio para que possamos ter boas condições de não causar dificuldades na caminhada pra casa daqueles que nos são caros.

 “Não podemos nem em pensamento desejar que o amor que partiu permaneça conosco. O amor verdadeiro não submete ninguém, deixa livre, mesmo que isso nos cause muita dor.”

 (Livro:Maior que a Vida-Lucy Dias Ramos)

 Não há necessidade de sufocarmos dentro de nós os nossos sentimentos, em relação a irmãos que partiram ,há necessidade sim, de buscarmos mais profundamente a compreensão necessária dos desígnios do Pai para cada um de nós, e só teremos algum êxito nessa busca, através do verdadeiro sacrifício em deixar de lado o egoísmo em acharmos que tudo nos pertence, que os “nossos” filhos são nossos, que os“nossos” pais , são nossos, que a “nossa” família é nossa.

Quando conseguirmos nos livrar de sentimentos equivocados como este de achar que somos proprietários daqueles que amamos, sofreremos menos, choraremos sim, mas lágrimas de grande gratidão por Deus ter nos concedido oportunidades de auxilio á espíritos que eram nossos credores, os quais tínhamos dividas a acertar ou teremos lagrimas de agradecimento ao Criador por ter nos proporcionado tantos aprendizados com almas tão mais esclarecidas que foram colocadas por pura necessidade nossa , bem dentro de nossos lares.
Ainda é um pouco difícil para nós hoje, entendermos que o amor, o qual alegamos sentir por aqueles que dividimos em nossa caminhada terrena, deveria alimentar-nos de grandes e fortes esperanças para que passemos a compreender verdadeiramente que o universo que o Pai criou para nós, seus filhos, não se restringe apenas ao que nossos olhos e sentidos são capazes de contemplar, por isso muitas vezes nos entregamos ao sofrimento pela “perda” de um ente amado

 “Quando as lágrimas nascem do nosso reconhecimento a Deus pelos benefícios que recebemos, quando as lágrimas refletem a nossa saudade tocada de esperança, os nossos amigos desencarnados nos dizem que as lágrimas fazem e eles muito bem, porque elas são luzes no caminho daqueles que são lembrados com muito carinho...”

 (Pinga-fogo com Chico Xavier)

Lutemos com sinceridade, para não deixarmos que alguns sentimentos equivocados possam interferir na marcha daqueles que amamos na busca de melhores oportunidades de crescimento.

Quando o Cristo veio nos ensinar de como devemos amar uns aos outros, ele nos dava exemplo do mais puro amor do Universo, que é o amor fraterno, aquele que esta acima de todos os sentimentos, quando Jesus nos falou de seu amor por nós, ele falava sobre este amor, esse que não aprisiona, não cria limites, mas que se rejubila com as boas conquistas de seu amado, mesmo que elas não sejam ao nosso lado.
Se algumas dificuldades nos cercarem em momentos da separação pela morte, lembremos que esta separação será passageira, estamos “por enquanto, separados”, mas um dia, graças a Misericórdia de Deus que nos abençoou com a lei da reencarnação, voltaremos novamente para a grande viagem na carne, buscando assim novas oportunidades de aprendermos verdadeiramente a nos amar como Jesus deseja que nos amemos.
Por isso, que nós devemos aproveitar agora que ainda que estamos juntos na lida do dia a dia, que nos dá tantas oportunidades de manifestarmos o amor que certamente esta latente dentro de cada um de nós, esperando apenas que sejamos mais pacientes, mais compreensivos para que os melhores sentimentos possam emergir nos auxiliando uma boa convivência com aqueles que escolhemos estar ao nosso lado na grande aventura da carne.

 “No Lar temos o nosso mais valioso curso de abnegação e fraternidade e quando praticarmos o ensinamento do amor puro, com quem nos partilha a mesa e se entrelaça conosco através do calor do mesmo sangue, então estaremos habilitados para seguir com Jesus no apostolado do bem á humanidade inteira

(Espírito:Nem Lúcio)

                                                                                                                    Sérgio Aparecido Alvim